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TOXICIDADE

     Os indivíduos administram o Krokodil por via subcutânea, intravenosa ou por via oral sendo a via intravenosa a preferida pelos consumidores desta droga. [1] Como já foi referido, a substância ativa do krokodil é a desomorfina, que pode atingir 75% da sua constituição, [3] e através da injeção intravenosa, outros componentes tóxicos constituintes desta droga podem também alcançar a corrente sanguínea. [1]

Complicações da administração intravenosa de krokodil: [1,2]

Septicémia

Enfarte agudo do miocárdio

Pneumonias

Meningites

       As infeções por HIV e hepatite A, B e C são frequentes entre os consumidores, devido ao facto de utilizarem agulhas contaminadas para a administração da droga. O HIV vai tornar o sistema imunológico mais suscetível ao desenvolvimento de outras infeções oportunistas. [1] A incidência de hepatite C (com uma prevalência de 62-88%) é bastante alta, enquanto a do HIV é significativamente menor. [1,2] Isto pode ser explicado pelo facto da acidez da solução para injeção ser elevada podendo tornar o HIV inativo.

         Outro tipo de infeções que os consumidores de krokodil podem desenvolver são infeções por Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA). [1]

As manifestações apresentadas pelos consumidores são devastadoras

       Os sinais físicos mais visíveis são o dano venoso e da pele, sendo notório o desenvolvimento de úlceras e flebites em torno dos locais de injeção. Outra manifestação muito característica após o uso repetido, é a descoloração e a descamação da pele, que fica escamosa e áspera, lembrando a pele de um crocodilo.

Para além disto, o uso continuado pode levar a casos extremos, em que há aparecimento de gangrena, sendo necessário proceder à amputação de membros. [1,2]

       Como esta droga é injetada, sem passar por nenhum processo de purificação, contém muitos resíduos que não se conhece qual o seu efeito específico, e que podem levar a complicações gravíssimas. [1,2,3,4,6] Para além disto depende dos materiais de partida e da forma como o individuo produz a droga. A codeína está sempre associada com outros compostos nos materiais dos quais é obtida e a influência destes compostos nas reações químicas que produzem desomorfina é desconhecida. [2,3]

Os efeitos nefastos desta droga estão relacionados com os subprodutos e resíduos do processo de produção do krokodil: [1,2,3]

Iodo

Problemas do sistema endócrino e músculos

Fósforo vermelho

É o reagente de formação do ácido iodídrico, que é o principal responsável pela reação de formação da desomorfina. No entanto, nem todo o fosforo é consumido na reação. Tem sido associado com a indução de deformações permanentes na face e na aparência da osteonecrose da mandíbula.

Solventes orgânicos e ácidos

Contribuem para o dano local produzido por esta droga, ou seja pela irritação causada na pele, pelas úlceras e pela tromboflebites. Pode também causar encefalopatia e danos neurológicos.

Metais pesados

O chumbo leva a danos hematológicos, renais, hepáticos, e a nível do hipocampo, uma parte do cérebro envolvida nos processos de memória, e interfere com a libertação de neurotransmissores, especialmente o glutamato, que é responsável pelas funções de aprendizagem. O ferro, zinco e antimónio, que também atingem o sistema nervoso, levam a uma desregulação da fala e das capacidades motoras, para além de causarem inflamação.

     O uso de krokodil pode predispor ao aparecimento de sintomas clássicos de intoxicação por opioides. [4] Os efeitos tóxicos apresentados pelo krokodil são frequentemente confundidos com os do consumo de heroína, porque algumas das complicações são semelhantes. [1]

    No que diz respeito aos sintomas da síndrome de privação de krokodil, estes são semelhantes aos da heroína e podem durar até um mês. [1] Os sintomas incluem dilatação da pupila, lacrimejo, rinorreia, anorexia, náuseas, vómitos, ansiedade, insónia, desejo por droga, e irritabilidade. [5] No entanto, existem diferenças entre o krokodil e a heroína, sendo que a euforia nos utilizadores de krokodil parece durar cerca de 1h30, enquanto o tempo para a heroína é de cerca de 4-8 horas. A euforia é explicada pela ação da desomorfina nos recetores µ - opioides. [1,3]

Efeitos

O uso de krokodil leva a um tempo de sobrevivência médio de 1 a 2 anos, ao contrário da heroína que pode ir até 20 anos de sobrevivência. [1,3]

Tratamento

Referências:

[1] Florez, D. H., et al. (2017). "Desomorphine (Krokodil): An overview of its chemistry, pharmacology, metabolism, toxicology and analysis." Drug Alcohol Depend 173: 59-68.

[2] Alves, E. A., et al. (2015). "The harmful chemistry behind krokodil (desomorphine) synthesis and mechanisms of toxicity." Forensic Sci Int 249: 207-213.

[3] Katselou, M., et al. (2014). "A "krokodil" emerges from the murky waters of addiction. Abuse trends of an old drug." Life Sci 102(2): 81-87.

[4] Oliver, T., et al (2015). ““Krokodil”—A Menace Slowly Spreading Across the Atlantic, American Journal of Therapeutics” 22: 231–233.

[5] http://americanaddictioncenters.org/morphine-treatment/timelines-symptoms/ (acedido a 21/05/2017)

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